Geoengenharia: aplicar ou não?
Artigo de Vivaldo José Breternitz
A expressão “geoengenharia” refere-se às intervenções tecnológicas em grande escala com o objetivo de modificar o clima da Terra.
À medida que as temperaturas globais continuam a subir, alguns cientistas têm sugerido usar a geoengenharia como um método alternativo de combate às mudanças climáticas; uma agência do governo do Reino Unido está dando os primeiros os nessa direção, em meio a controvérsias.
A Advanced Research and Invention Agency (ARIA) pretende iniciar experimentos para testar a teoria de que alterar as nuvens pode ajudar a neutralizar os efeitos das mudanças climáticas.
A ARIA dedicará cerca de US$ 66 milhões para financiar experimentos em pequena escala para avaliar os efeitos da dispersão de aerossóis nas nuvens. Nas últimas décadas, afloraram inúmeras teorias no sentido de que os aerossóis poderiam clarear as nuvens, fazendo com que refletissem mais luz solar, resfriando o planeta.
A agência divulgará detalhes sobre os experimentos nas próximas semanas, garantindo que seus efeitos serão reversíveis e que não liberarão substâncias tóxicas. Se os experimentos forem bem-sucedidos, estima-se que eles poderiam ser implementados em maior escala dentro de uma década.
Há argumentos contrários, com estudiosos afirmando que alterar artificialmente a atmosfera pode causar efeitos colaterais, impactando o regime de chuvas e a agricultura.
Outros processos de geoengenharia envolvem o espessamento de geleiras para aumentar a reflexão da luz solar, evitando que essa seja retida na Terra gerando calor, a promoção do crescimento de algas no oceano e o uso de espuma do mar com o mesmo objetivo, mas todos eles enfrentam forte rejeição.
Outro argumento contra o uso de geoengenharia é que discussões acerca da mesma podem dar argumentos para desacelerar ou interromper o uso de técnicas comprovadas para redução de emissões.
Já os defensores da geoengenharia, afirmam que reduções drásticas de emissões são necessárias para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.
De qualquer forma, enquanto essas discussões e estudos prosseguem, a sociedade não pode deixar de combater as mudanças climáticas, especialmente porque 2024 foi o ano mais quente já registrado, quebrando o recorde estabelecido em 2023 e excedendo 1,5 °C em relação às temperaturas da era pré-industrial – o limite estabelecido pelo acordo climático de Paris.
Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor e consultor – [email protected].
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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