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Chuvas intensas são sintomas do agravamento das mudanças climáticas

 

A infraestrutura urbana às vezes não dá conta de chuvas um pouco acima do normal
A infraestrutura urbana às vezes não dá conta de chuvas um pouco acima do normal – Foto: Fernando Stankuns/Flickr

 

Chuvas intensas são sintomas do agravamento das mudanças climáticas

“Estamos verificando efeitos muito intensos e cada vez mais frequentes das mudanças climáticas e nós não temos políticas públicas efetivamente implantadas aqui no País para dar conta disso”, explica Pedro Luiz Côrtes

Jornal da USP no Ar 1ª edição / Rádio USP

 

 

Nos últimos dois meses, São Paulo registrou um volume de chuvas acima do usual. Marcadas por vários pontos de alagamento, transbordamento de córregos, desabamento de estruturas e uma morte, apenas em alguns pontos da região sul, a chuva ultraou 50 mm. A pergunta que fica é: esse é o novo normal?

Não apenas São Paulo, mas o mundo todo vem sofrendo com as mudanças climáticas e eventos meteorológicos extremos. “O clima, infelizmente, não se comporta mais como se comportava no século ado. Portanto, a gente está diante de uma nova situação, mas não dá ainda para dizer que esse é o novo normal, porque nós não sabemos efetivamente aonde isso vai e onde o novo equilíbrio vai se estabelecer​​”, explica Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.

Segundo o professor, o relatório do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já previu que haveria alternância de eventos extremos. Um exemplo disso são as secas intensas que vêm acontecendo no interior de São Paulo, e que atingiram a região central do País em 2021, e as chuvas concentradas que caíram sobre o município nos últimos dias.

“Imagina o impacto que isso causa, considerando que a nossa infraestrutura urbana às vezes não dá conta de chuvas um pouco acima do normal”, lembra o professor. A infraestrutura é um dos pontos mais sensíveis quando o assunto são os eventos climáticos extremos, principalmente considerando que qualquer chuva em São Paulo já causa transbordamentos e alagamentos.

Intensificação do problema

Uma das questões levantadas por Côrtes é qual deve ser a atuação dos governos frente a essa responsabilidade. Não há infraestrutura suficiente para lidar com as mudanças climáticas, que tendem a piorar daqui para a frente. Ele ainda expande o problema para outros países: a Itália e a França têm sofrido com secas muito intensas. A região central da Itália quase não viu neve, importante fator turístico e econômico da região. “Estamos verificando efeitos muito intensos e cada vez mais frequentes das mudanças climáticas e nós não temos políticas públicas efetivamente implantadas aqui no País para dar conta disso”, ressalta. O panorama serve como um alerta mundial.

Na sua avaliação, é necessário que cada município tenha um plano de ação e de destinação de recursos para a realização de obras que facilitem, por exemplo, o escoamento das águas da chuva. “Quando a chuva cessar, nós caímos no problema oposto”, diz Côrtes. Ele ainda lembra dos problemas trazidos pelos períodos de seca prolongados: temperaturas muito altas, concentração de partículas de fuligem provenientes da queima de combustíveis fósseis, problemas de abastecimento e problemas de saúde, principalmente em idosos e crianças.

Mudanças

Por conta das chuvas, os reservatórios estão com níveis muito bons e com um montante de água para chegar ao ano que vem com bastante tranquilidade, diz o professor. Porém, lembra que haverá mudança do regime da La Niña para o El Niño. “O El Niño traz mais chuva para a região Sul. O Rio Grande do Sul vai ser bastante beneficiado com isso, já que vem sofrendo com secas e quebra de safras há quase dois anos e meio por conta do La Niña, que retira essa chuva do Sul”, ele explica.

Mas nem tudo são flores: com o aumento da  temperatura, também vai ter aumento das arboviroses, como a dengue, chikungunya e zika. “O panorama climático exige uma ação integrada não só de adaptação da infraestrutura urbana, mas também de uma ação integrada com as equipes de saúde”, ele ressalta. Para ele, ações coordenadas e planos efetivos para a adaptação às mudanças climáticas são essenciais, e algo que não acontece efetivamente.

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

 

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