Quem tem medo de Marina? artigo de Montserrat Martins
[EcoDebate] Inédito na história política do país, duas mulheres dividem a preferência em todas as pesquisas de opinião para a presidência: Dilma e Marina. Também inédito, a candidatura de uma delas depende do registro do partido que expressa suas ideias, a Rede Sustentabilidade (com julgamento previsto no TSE a partir de 01 de outubro). E ainda inusual, em relação a partidos novos, ninguém impugnou formalmente a rede, ninguém quis posar oficialmente como “antagonista”. Mas seria ingênuo pensar que não há oposição ao seu registro – o que se observa em outros fatos sem precedentes, que merecem ser conhecidos: há regiões específicas do país com índices absurdos de boicote ao reconhecimento das s de apoio. O que levanta a questão: quem tem medo de Marina Silva?
Os ruralistas que levaram o Congresso a “podar” o Código Florestal ano ado, resultando em aumento de 400% no desmatamento no último ano, são naturalmente quem tem maior interesse – por motivações econômicas, de seguirem lucrando com práticas predatórias não coibidas pelo Estado – em boicotar Marina. Mas seus métodos não parecem ser tão sofisticados, pois não é nos territórios geográficos que eles dominam que a Rede enfrentou maior dificuldade nos cartórios.
Nas mais de 900 mil s colhidas, com quase 700 mil enviadas aos cartórios (para atender a necessidade legal de 491 mil apoios), houve uma média nacional de 24% de s não reconhecidas. O que chama a atenção é um percentual bem maior no estado de São Paulo e mais especificamente ainda em determinadas regiões: 54% de invalidações no ABC paulista e, recordista nacional, 73% de invalidações em São Bernardo do Campo. Isso, sabendo-se que há deficiência de funcionários na Justiça Eleitoral, motivo pelo qual os cartórios recebem funcionários cedidos por prefeituras, por exemplo.
Em contraste, o partido do “Paulinho da Força Sindical” reuniu a grande maioria das s de apoio entre os paulistas (enquanto a Rede atingiu os índices necessários para o registro em todos os estados). Quer dizer, alguns líderes sindicais (leia-se Força Sindical e CUT) tem grupos políticos que não estão dispostos a deixar que se crie um novo projeto para o país, que inclua uma presidenciável.
Em estados como Rio Grande do Sul e Goiás, os cartórios eleitorais tiveram conduta exemplar: as listas de apoios foram respondidas indicando quais s não confeririam com os registros deles. Em São Paulo e também em outras regiões específicas (que coincidem com a maior concentração geográfica das forças já citadas acima), no entanto, além de índices absurdos de rejeição de s as respostas vinham “por amostragem”, algo assim do tipo “de 500 s recebidas, 300 conferem e 200 não”.
Quer dizer, uma verdadeira “guerra cartorial” aconteceu – e esse é o pior de todos os fatos inéditos, sem precedentes – gerando recusas imotivadas, arbitrárias, que ignoram os direitos cidadãos constitucionais e se constituem em verdadeiros atentados à democracia. Depois, se montou a versão de que a rede queria privilégios para seu registro. A finalidade da lei é constatar a legitimidade ou não de um novo partido – e o país inteiro reconhece a legitimidade da rede pois, como já disse a própria Marina, “é o único partido que tem torcida para nascer, as pessoas vivem nos perguntando se a rede sai”.
Enfim, a “pergunta que não quer calar” é: quem tem medo de Marina? Além dos predadores ambientais, parece que a concorrência também.
Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é Psiquiatra.
EcoDebate, 02/10/2013
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Quem tem medo não sei, mas quem deveria ter são os que lutam por um meio ambiente livre de Caiados etc.; os que lutam contra o trabalho escravo; os que lutam contra o capital financeiro; os que lutam a favor de uma Venezuela independente do capital rentista. Estes deveriam ter medo.
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